Pau no Lombo do Povo:Bancada baiana na Câmara já custou R$ 122 milhões aos cofres públicos!


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Os cidadãos têm consciência absoluta de que bancam os privilégios dos deputados federais. O que a imensa maioria deles certamente não sabe é o tamanho da conta. Levantamento feito pelo Jornal Metropole no portal de transparência da Câmara revela o quanto o contribuinte já pagou apenas para manter os 39 parlamentares da Bahia na atual legislatura: R$ 122 milhões de janeiro de 2023 a maio deste ano. Nada menos que R$ 3,1 milhões por cada um. A soma inclui salários da equipe de gabinete, remuneração mensal dos próprios congressistas, auxílio moradia, diárias em viagens oficiais e regalias custeadas pelos cofres públicos.

No bolo total de gastos, é de espantar o montante destinado aos deputados da Bahia pela chamada cota para o exercício da atividade parlamentar. Trata-se da verba reservada mensalmente pelo Poder Legislativo, em tese, para pagar despesas relativas ao mandato. Entre as quais, passagens aéreas, combustíveis, manutenção de escritório de representação no estado de origem, divulgação e aluguel de veículos. Contudo, é muito comum que os recursos sejam usados para custear toda sorte de mordomia. No período de um ano e cinco meses, os repasses para a bancada baiana na Câmara Federal por meio da cota chegam a quase R$ 25 milhões.

Em primeiro lugar, estão as despesas com divulgação do mandato parlamentar – R$ 8,5 milhões desde o início do ano passado. Logo abaixo, aparecem os gastos com aluguel de veículos (R$ 4,9 milhões), passagens de avião (R$ 3,6 milhões), manutenção de escritório político (R$ 2,74 milhões) e combustíveis (R$ 1,94 milhão). Os demais custos somaram R$ 1,26 milhão e se referem a pagamentos que vão da fatura do telefone celular à hospedagem e alimentação. Isso mesmo! Caso o cidadão não saiba, até a conta dos deputados com hotéis e restaurantes é bancada por ele, assim como serviços de táxi, taxas de estacionamento e tarifas de pedágio.

Ostentação na conta do eleitor

As buscas no portal de transparência da Câmara descortinam exemplos de extravagância com o uso da cota. Na doce vida de ostentação dos deputados da Bahia, há despesas que beiram o escárnio. É caso dos gastos com fretamento de aeronaves feitos por três parlamentares na atual legislatura. O campeão nesse quesito é Adolfo Viana (PSDB). Em 2023, o tucano usou três vezes os serviços de táxi aéreo da Abaeté. A primeira foi em 31 de março, quando viajou de Salvador para Petrolina, em Pernambuco.

Em maio e outubro do mesmo ano, foram mais dois voos com origem na capital baiana. Um para Jacobina e o outro para Teixeira de Freitas. Por fim, Adolfo alugou um helicóptero da empresa Henrimar para se deslocar de Salvador à pequena cidade de Água Fria. Total da conta: R$ 88,8 mil. Leur Lomanto Júnior (União Brasil) também faz parte da relação dos deputados que fretaram aviões, com quatro viagens registradas ano passado, todas com destino a Jequié, reduto político da família do ex-governador Lomanto Júnior. O pacote custou ao erário R$ 71,5 mil.

O último da lista da bancada baiana que utilizou serviços de táxi aéreo durante o período foi Paulo Azi (União Brasil). Em 13 de junho de 2023, Azi destinou R$ 26,5 mil dos recursos públicos para pagar uma viagem de Salvador para Irecê pela Abaeté. Em todos os casos, as viagens poderiam ser realizadas de carro, já que os parlamentares gastam fortunas em combustível e aluguel de veículos sem tirar um centavo do próprio bolso. Além, é claro, de terem motoristas à disposição com salários pagos pela Câmara.

Radiografia das despesas

No rol de mordomias acessadas pelos deputados da Bahia, chama atenção a prestação de contas de Ivoneide Caetano (PT), esposa do ex-prefeito de Camaçari Luiz Caetano, pré-candidato ao comando da cidade. Novata no Congresso, a parlamentar petista contratou seis vezes serviços de segurança patrimonial de fevereiro de 2023, quando tomou posse no cargo, a janeiro de 2024. Obviamente, as despesas foram pagas pela cota.

A reportagem também fez uma radiografia dos gastos feitos pelos atuais integrantes da bancada por tipo de despesa. Em relação aos custos referentes à divulgação do mandato, Neto Carletto (PP) desponta no topo do ranking, com R$ 436,7 mil. O sobrinho do ex-deputado Ronaldo Carletto, presidente estadual do Avante, é seguido de perto por dois expoentes do PCdoB: Daniel Almeida e Alice Portugal, com R$ 433,5 mil e R$ 405 mil, respectivamente.

Em relação a passagens aéreas, Valmir Assunção (PT) é líder isolado da tabela na temporada 2023-2024. De acordo com os dados da Câmara, os gastos do petista com viagens em aviões comerciais estão atualmente em R$ 231,5 mil. A segunda colocação é ocupada por Jorge Solla (PT), com R$ 191,8 mil. Na terceira, aparece Antônio Brito (PSD), com R$ 163,8 mil. Já o ranking de despesas com combustível tem quatro deputados embolados à frente: José Rocha (União Brasil), Paulo Magalhães (PSD), Zé Neto (PT) e Charles Fernandes (PSD), todos na faixa dos R$ 130 mil. Quando o assunto é aluguel de veículos, Leur Júnior é imbatível, com R$ 200 mil.

Líderes em despesas

No balanço de todas as despesas custeadas pela cota, o top cinco é composto por Daniel Almeida (R$ 768 mil), Jorge Solla (R$ 726,7 mil) e os petistas Joseildo Ramos (R$ 716,7 mil), Josias Gomes (R$ 715,4 mil) e Zé Neto (R$ 710,3 mil). Na ponta inversa, a dos mais econômicos, um deputado destoa em relação ao volume de gastos. Trata-se do Pastor Sargento Isidório (Avante), cuja conta está em R$ 300,1 mil, R$ 165 mil a menos que o segundo colocado, Diego Coronel (PSD).

O maior custo para manter os 39 deputados federais da Bahia, porém, vem da verba de gabinete. Cada um tem R$ 125,4 mil por mês para pagar salários de até 25 secretários, com remuneração que vai de R$ 1,5 mil a R$ 17,6 mil. Desde janeiro de 2023, esse montante representa quase R$ 70 milhões.

Os salários dos deputados também pesam nas costas do contribuinte. Considerando os vencimentos, hoje em R$ 44 mil mensais, o contracheque da bancada representa uma despesa de cerca de R$ 29 milhões nos últimos 15 meses. Adicione na conta os R$ 739,2 mil em diárias de viagens oficiais, mais R$ 530,7 mil repassados a título de auxílio moradia para os que não têm acesso aos apartamentos funcionais em Brasília, e fica fácil perceber por que a vida dos parlamentares em Brasília é tão doce


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Glauber Gomes

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